31/03/2021

DIEGO SILVA: 1964, o golpe dos apátridas

Por Diego Silva*


É certo que as gestões Médici e Geisel geraram um certo desenvolvimento e industrialização em nossa nação, porém sempre paravam numa barreira devido ao golpe burgo - militar ter sido liberal e apátrida. 

Nossa nação, assim como hoje, vivia em cima dos balcões esperando ser leiloada suas riquezas. A oposição, boa parte nacionalista de verdade, sofreu grandes tormentos ao ponto de hoje não sabermos nem o que aconteceu com alguns. Fato lamentável para a história brasileira. 

É por isso que o dia de hoje também é um dia de luto. Pois assim como acontece atualmente a desgraça da pandemia (e desse governo) onde o sofrimento, a fome e a morte são constantes, o golpe militar fez sangrar o peito de nossa mãe gentil com perseguições, esfacelamento da nação e miséria dobrada na mesa dos mais humildes. 


*Cientista Social e Editor do Blog 

20/03/2021

HELDER MELO: Cantiga para São José


Cantiga para São José

Dezenove do mês três 
É um dia de muita luz
Onde se celebra aquele
Que foi o pai de Jesus.

Modelo de esposo fiel, 
Pacífico e amoroso.
Marido da Vigem Maria
Um santo homem ditoso.

Quando Jesus era menino
Foi muito bem educado 
Aprendeu carpintaria 
Com seu papai adorado.

Na casa da Santa Família 
Sempre reinou o Amor,
Daquele casal  bendito
Pais do nosso salvador. 

Tal qual a brancura do lírio 
Foi a pureza de José
Modelo para todos os homens 
Dileto cidadão de Nazaré.

São José rogai por nós 
Perante ao Deus criador,
Peça que nos mande chuva
Nesse dia de louvor.

Para o povo nordestino 
Hoje é  dia de bom augúrio 
Se chover com abundância
Será bem farto o futuro.

A chuva trás esperança e vida
Nesse início de equinócio.
Faz o nordestino feliz
Com prenúncio de bons negócios.

Viva São José querido
Padroeiro do nosso estado.
Que este ano seja de fartura
Em nome de Jesus amado.

Meus irmãos aqui encerro
Esses versos de louvor
Ao santo esposo divino 
Pai de Jesus Nosso Senhor.

Helder Mello

18/03/2021

EMANUELA DE SOUSA: "Não dá mais para adiar o amor."

Por Emanuela de Sousa* 

A quarentena me fez adiar todos os meus sonhos românticos, e me transmutou para o mundo da imaginação. Desfrutando dos desejos que não conto para ninguém. 
(Somente para você).

Eu queria, mais do que nunca, ter o poder em minhas mãos para trazê-la para perto de mim, leva-la a um jantar, passearmos pela cidade fria e agitada, e dormir ao seu lado por algumas horas, ébria de...

Vinho tinto, 

Silêncio,

Você, 
na ponta dos meus dedos. 

Latente, 

Quente, 

Sussurros.

Minha Lilith grita, 
chamando pelo teu nome.
Teus demônios internos, todos amontoados,  suplicam pelo nosso encontro. 

Bailando sob o clarão da lua, brindaremos com chop e vinho. 

Reviravoltas poderão acontecer, se assim essas duas almas se permitirem, se até lá o mundo não acabar, se o universo, após essa  guerra passar, ser gentil comigo. 

Tenho pressa, temos na verdade. Não dá mais para adiar nossos sonhos e  desejos. Me sinto presa entre a fantasia e o desejo da conquista. Presa entre as vontades e tentações... 

Eu quero alguma coisa que me faça esquecer que estou no tempo de espera que antecede o nosso futuro. Tomo paciência... Me reviro no colchão, ouço a playlist que acalma meu coração, leio Lygia Fagundes, me derramo de amor, e entrego tudo, aos deuses, aos astros, ao cosmo.


_

*Emanuela de Sousa é poeta e escritora, natural de São Paulo do Abc paulista. Fez teatro aos 11 anos e se arriscou pela pintura e em desenhos, mas foi na escrita que se encontrou. Emanuela hoje é autora de dois livros publicados: Interrupto, sobre todas as coisas que guardei (2016) e Coração a bordo (2020) Além dos livros ela é colunista em um Portal, o Potiguar Notícias

17/03/2021

VICTOR ARAÚJO: A "Instagramlização" do Facebook.

Por Victor Araújo* 


Recentemente, venho observando um fenômeno no Facebook ao qual denominei de "Instagramlização", ou seja, a Instagramlização do Facebook. 

O que seria isso? Pois bem. No Instagram observamos que as relações pessoa-pessoa se dão apenas de duas formas: seguidores ou seguidos. No Facebook, essas formas também existiam, contudo a forma "padrão" da rede social entre pessoa-pessoa é a de amigos. 

No Instagram, ter vários seguidores virou sinônimo de Status. A pessoa seguir uma quantidade X de indivíduos e ter uma quantidade, no mínimo, 10X de seguidores a faz sentir uma espécie de webcelebridade, a depender do ego da pessoa, claro.

Esse formato "seguidores e seguidos" foi, inicialmente, usado de forma padrão pelo Twitter. No entanto, o foco dessa rede social é a publicação de textos (escritos), e não de vídeos e imagens, apesar de ser plenamente possível posta-los lá. 

O foco do Instagram, por sua vez, é a imagem - e vídeos curtos, em menor grau. A dinâmica é de "seguidos e seguidores" e a forma de um seguidor conversar com a pessoa que segue é através do "Direct". Não obstante, para burocratizar mais ainda as relações pessoa-pessoa, muitos usuários colocam na Bio: "apenas parcerias via Direct", isto se já não for possível até remover o próprio botão (fato que eu não sei por fazer anos que não uso mais essa rede social)

No Facebook, o que venho observando são vários usuários removendo o botão de "adicionar amigos" de seus perfis e deixando apenas o botão de "seguir". Para além disso, ainda acrescentam um aviso: "não uso Messenger".

Esse é o processo que chamo de "Instagramlização do Facebook", o que talvez estejamos vivendo seja, na verdade, uma "Instagramlização da sociedade".

De uma dinâmica de "amigos-amigos", que se mostra mais isonomica, para uma de "seguidos e seguidores", que se mostra hierarquica, tende cada vez mais às pessoas buscarem o status a qualquer custo e tornando cada vez mais hierarquizadas as relações pessoais.

*Bacharel em Ciências Econômicas e Licenciando em Ciências Sociais. 



14/03/2021

Nossa vida merece ser desburocratizada

Numa das várias noites de insônia me vi pensando em como a gente complica a vida. Nossas relações, decisões e outras coisas que nos dão certo rumo. Sempre burocratizamos as coisas como se tivéssemos uma eternidade inteira pra realizar nossas vontades. Uma espécie de uma eterna fila lotérica onde amamos mais tá na fila do que resolver o que tem que ser resolvido. 

Sabe...vejo que somos tão frágeis e fracos que deveríamos repensar muito nossas prioridades. Nossa vida não pode ser apenas condicionada por o que outros pensam ou o que a sociedade geral "aprova" ou "desaprova". Logo a simbologia da vela e da neblina (a qual é nossa vida) é atualmente mais real do que nunca nessa pandemia. 

Por tudo isso retorno ao cerne de minhas inquietudes sobre o prezado questionamento: Pra quê burocratizar a vida? Temos a eternidade pra ser feliz? Ou os "problemas" importam mais que a solução? A verdade é que o tempo da gente não é infinito. 


Diego Silva

03/03/2021

EMANUELA DE SOUSA: "Outonos caindo secos no solo da minha mão"

Por Emanuela de Sousa*
Meu corpo dependurado na janela do sexto andar, me faz lembrar como sou nas relações românticas. Me estico sobre elas, me lanço, me arrebato. 
Suspensa por inteiro, mas nunca pela metade. 

Lembrei também que em por alguns dias procurei por amores que me  lembravam como era o verão. Que  clareassem meus dias e me mantessem aquecida. Deixando minha pele no sol, cabelo ao vento enquanto  vejo a brisa do mar.

Em outros dias, fui acolhida por amores que eram inverno. Embora  nunca entendesse seus sinais confusos, e silenciosos, oscilava, mas não me deixavam presa, e sim ser quem realmente eu queria ser: livre.

Oscilando entre verão e inverno, senti o  gosto das estações. Me falta algo...

Perambulo entre elas, mas ainda buscava mais sobre o amor entre as estações. À busca pela primavera, pois gosto das cores entre as flores, mas as primaveras sempre me trouxeram um gosto de saudade, lembro das vezes que precisei me despedir, com o coração na mão. 

Me restou outono... E ainda da estou à sua espera.  Zé Ramalho disse em sua letra de Frevo Mulher,  sobre as estações inverno e verão e os 
outonos "caindo secos no solo da minha mão..." 

Talvez você tenha razão Zé, talvez falte cair um amor no estilo outono em minhas mãos... Preciso passar pelo meio termo. Preciso de algo que seja leve, que não canse, nem me machuque. Que não seja tão bruto e  nem tão frio. 

Amores de outono podem durar a vida toda como podem durar um dia, ou uma estação. - Não importa, continuam sendo amor.

Anseio pelo dia que poderei dançar sobre as folhas caídas no chão, ao som de Zé,  com a minha boca próxima a sua enquanto fito teus olhos. Dedos entrelaçados e o nevoeiro da manhã seguinte...

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*Emanuela de Sousa é poeta e escritora, natural de São Paulo do Abc paulista. Fez teatro aos 11 anos e se arriscou pela pintura e em desenhos, mas foi na escrita que se encontrou. Emanuela hoje é autora de dois livros publicados: Interrupto, sobre todas as coisas que guardei (2016) e Coração a bordo (2020) Além dos livros ela é colunista em um Portal, o Potiguar Notícias. 

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