Por Thalia Torres*
Ver a loucura do corpo...
A sensibilidade quase que trêmula tornando tudo ao redor mais sensível e insolúvel.
Tornando visível como um pequeno medo impalpável.
As vezes....
A fúria sem som, o equilíbrio em desordem.
Tal como uma gangorra que ora está em cima, ora está em baixo.
Como uma dor que se desabrocha pela madrugada, sem saber que quem a acolheu agora parece longe da sua colina de calvário.
Porque foi este, seu grande intímo da noite.
Encostando o medo face a face com teu o eu, horrendo, tenebroso.
Passo a passo, pareço caminhar nurma reta turva, perdido no espaço e na névoa do tempo....
Trazendo a misteriosa essência do auto-abandono desordenado.
Ficando apenas como um veleiro quando nos portos, silenciado.
Ainda assim, me permanescerei como ninguém.
Porque poderei partir de si.
De modo que, todas as lamentações do oceano, das lembranças, nos grandes ventos da noite,
nos eclipses lunares, serão minha voz presente, ainda que esta, esteja ausente.
Será ela o fragmento do vácuo em minha alma, silenciado, que hospeda infratores e banidos?
A dor por fim, serenizada?
Desprovido de amor e da fé que sangrou o mundo.
Do que se seguiu da linha da vida.
Do quase-viver, no quase-prazer.
Ruminando um pouco de água morna para o enunciado dos dias frios da vida..
É preciso resiliência pra lidar com a auto-tristeza.
A agonia do cinismo dos dias, já efervesceu o tempo demais.
Quando a sensação de fraqueza é presente , é preciso amarrar-se ao chão-da-terra.
Onde a luz do sol se infiltra a partir das marcas de areia que a humanidade pisou.
É necessário coragem pra se desvincular do monte de barro úmido que somos.
Nesse peito pousam toda a dor, paixão e pesar humano.
Na caixa de correspondências, do pessimismo e tristeza, recebo cartas todos os dias....
Desde as alegrias para engrandecer, aos tormentos que queimam a alma.
Como quando se está em um quarto escuro, inconsciente, surdo e desfalecido.
Adormecido dentro da casa do não-sentir, dentro do pensamento, dentro de si.
Como se dentro da alma, assim como em Rubem Alves, tivesse um sino de ouro,
que aos poucos, vai virando ferro e chumbo, pedra e terra, lama e podridão.
Fantasmas....
Como num fim de tarde, que logo desfalece os amores da vida,
traçando-a, fio a fio, tratando-se de um artesanato sutil e deprazeroso.
Como um campo de carnificina entre ansiosos e atormentados,
devorando-se, uns aos outros, onde todo o animal carnívoro se torna o túmulo vivo de tantos outros.
Antropofagia....
Com a capacidade de sofrer aumentando na proporção da inteligência,
o canibalismo-de-cabeças, o absurdo evidente, daqueles que devoram os que pensam,
porque os que pensam, pensam melhor sem pensar.
Logo, sentem das dores do mundo.
Cuidando enquanto se pode do seu botão cor de rosa....
*Thalia Torres (Lia), graduanda em Ciências Sociais (licenciatura) pela Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA.