30/04/2020

POESIA: Bicho papão


Bicho papão 

                                       Marcos Antônio*

Antigamente a cama escondia
Uma assustadora assombração
Aquilo que eu mais temia
Chamavam de bicho papão 

Sempre fui ensinado a temer
Esse bicho tão apavorante
Eu nunca-o pude ver 
Será só pra causar espante?

Espante? foi quando do quarto saí
Eu enfim pude enxergar 
Que o que contaram pra mim 
 Meio às ruas estava a vagar 

A mais apavorante imagem 
Que eu logo pude observar
"Jovem negro apanha como selvagem"
Por liberdade a negritude proclamar 

Por expôr seu grito de paz 
Os policiais se revoltaram
Pagaram o pobre rapaz 
E logo o-espancaram 

Bicho papão mesmo era ver 
"Homossexual é morto a facadas"
Sem uma palavra dizer 
"Indígena morto a pauladas"
Enquanto suas terras, só queria defender 

Então entro em casa para relaxar 
Então logo ligo a tv 
Sabe o que estão a noticiar ?
"Favelado morto a tiros
Enquanto guarda-chuva estava a portar "

Mais que coincidência 
Ou será que talvez não ?
Será mais uma incidência
Por não ser burguês então 

-Então pra concluir 
Vamos acordar a sociedade
O alto grito vamos  expandir
Clamar por paz e liberdade
Tanto pra você,como pra mim


*Marcos Antônio Sabino Ferreira, Natural da cidade de Massapê, acadêmico de Ciências Sociais pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, o poeta que com facilidade transpassa em versos a realidade presente do seu dia-a-dia.

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