Em 9 de novembro de 1988, o Brasil testemunhou um dos episódios mais violentos de repressão contra trabalhadores desde o fim da ditadura militar. Três operários da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda (RJ), foram mortos durante uma greve por melhores salários, redução da jornada e reintegração de demitidos. William Fernandes Leite, de 22 anos, foi atingido por um tiro de metralhadora no pescoço; Valmir Freitas Monteiro, 27 anos, levou um disparo pelas costas; e Carlos Augusto Barroso, de apenas 19 anos, teve o crânio esmagado. Além deles, 31 trabalhadores ficaram feridos. A ação ocorreu após ordem direta do governo Sarney, que enviou tropas do Exército e do Batalhão de Choque para invadir a usina e reprimir a mobilização iniciada em 7 de novembro.
Mesmo diante da brutalidade, os metalúrgicos não recuaram. A greve se manteve até o dia 23 de novembro, e todas as reivindicações foram conquistadas. Em 1º de maio do ano seguinte, um memorial em homenagem às vítimas foi inaugurado na Praça Juarez Antunes, mas horas depois uma bomba explodiu no local, numa tentativa de intimidação covarde contra o movimento sindical. Hoje, 36 anos depois, o memorial permanece de pé como lembrança de que a luta dos trabalhadores não pode ser apagada — e como testemunho de um Estado que, em plena redemocratização, ainda escolheu a bala para responder à reivindicação por direitos.

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