OPINIÃO: Qual rumo a nova oposição em Sobral deveria seguir?



Por Diego Sousa

Quem acompanha os bastidores da política (e aqui não estou citando um certo programa radiofônico) sabe que uma pergunta que sempre se faz é: onde está a oposição?[1] De fato, no contexto da política municipalista esse questionamento é sempre suscitado. Então cá, quero expressar algumas questões que venho pensando há alguns dias, principalmente considerando minha experiência política - prática e intelectual - de mais de uma década. 

A nova oposição tem sido engolida nesse início da gestão do "Novo Tempo", seja a da Câmara ou a do paço municipal. Se por um lado são raros os momentos em que parlamentares oposicionistas ocupam a tribuna, por outro, são evidentes as dificuldades que têm tido em propor um debate político consistente. Existem até mesmo sinais de cooptação política por parte do grupo situacionista, o que torna ainda mais dramático o cenário. 

Diante da ausência do verdadeiro debate, o que resta são apenas polêmicos ataques de apoiadores da antiga gestão contra o atual governo notadamente no âmbito das redes sociais. Isso cria outro problema para essa nova oposição: o baixo nível que esses "oposicionistas sem mandato" criam na conjuntura atual. 

A oposição não pode ser rasteira, vil e sensacionalista. Esse papel já é ocupado por aqueles que hoje são governo e não conseguem mudar seu estilo glutão. Atacar de forma desproporcional com acusações nada coerentes e posições nada propositivas não vai resolver nada, pelo contrário, só trará mais antipatia das pessoas, que logo se perguntarão: onde você estava na gestão passada? Algo que já é a cara dos comentários politiqueiros das redes sociais. 

O debate tem que ter um nível elevado, constante e propositivo. Por exemplo, quando o governo põe em votação projeto de lei que beneficie alguma categoria, o mais correto e prudente seria que os oposicionistas dialogassem com os representantes dessa categoria a fim de saber deles qual seria a melhor forma de proposição desse projeto e seus possíveis melhoramentos. O que se vê hoje é uma oposição que segue o governo às cegas, sem debate, questionamentos e crítica fundamentada. Esse não é papel, nem postura de quem se diz oposição.

Além disso a constância e a proposição são circunstâncias que devem estar presentes no protagonismo dos parlamentares oposicionistas. Seguir acriticamente a opinião de lideranças que preferem adotar postura cautelosa de esperar lapsos de tempo para se avaliar a nova gestão e cobrar promessas de campanha vai na contramão do que é a política municipalista em sua essência.

Temos de ter a consciência de que o povo não quer saber se ainda é cedo para se cobrar promessas de campanha. O povo quer mesmo é resolver seus problemas. Ele quer que tudo que o aflige (ou o que lhe foi prometido) seja resolvido para ontem. 

Fiscalizar os pormenores dos trabalhos da nova gestão para com a cidade e cobrar promessas mirabolantes é um bom negócio para quem quer ser oposição e para quem diz que é oposição.

Escutem o povo, os trabalhadores organizados e respirem a cidade. Senão, o papel dessa atual oposição continuará tendo irrelevância no cenário político municipal. 

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