Das 4.638 candidaturas às prefeituras, 18,5% são mulheres na região, o maior percentual do Brasil
Dos 4.638 candidatos às prefeituras do país, 18,5% são mulheres, o maior percentual de candidatas em comparação com as demais regiões brasileiras. Em números absolutos, o Nordeste também possui o maior número de candidaturas femininas. De modo geral, os dados revelam que são mulheres brancas, casadas, e têm 45 e 49 anos de idade.
A participação das mulheres na política tem sido um tema central nas discussões sobre igualdade de gênero e democracia ao longo das últimas décadas. Mas embora tenha havido avanços significativos em várias partes do mundo, ainda há um caminho a percorrer para alcançar a paridade de gênero nas posições de poder.
Fortaleza é precursora no tema. Em 1985, Maria Luiza Fontenele (PT) foi a primeira prefeita da cidade, que ainda teve Luizianne Lins, outra mulher filiada ao PT, comandando o Paço Municipal (2005/2012). O estado do Ceará não fica atrás, e lá em 1958, o povo de Quixeramobim elegeu Aldamira Guedes para ser prefeita do município, a primeira do Ceará.
Para além dos fatos históricos, os dados estatísticos também costuram uma realidade feminina na cidade. Fortaleza, quarta maior capital do país, é a cidade em que a população feminina é maior em comparação com a masculina, com 86,6 homens para cada 100 mulheres. Nas eleições municipais deste ano, das nove chapas que disputam a prefeitura de Fortaleza, 7 possuem mulheres, mas nenhuma delas encabeça a disputa majoritária.
Grávida da sua segunda filha, a deputada estadual Gabriella Aguiar (PSD) topou o desafio de disputar a prefeitura de Fortaleza ao lado do candidato Evandro Leitão, pela chapa do Partido dos Trabalhadores. A parlamentar atua ao lado de outras 8 mulheres na Assembleia Legislativa do Ceará, que conta com 46 parlamentares.
"Eu quero ser essa figura feminina que inspira mais mulheres a entrarem na política. Estou nesta campanha de vice-prefeita grávida de uma menina e isso me estimula ainda mais a lutar por uma sociedade que dê mais oportunidades para as mulheres em todas as áreas, e estamos provando no dia a dia que somos boas demais para sermos ignoradas", afirmou a candidata ao BdF.
Também candidata pelo campo progressista, a sindicalista Malu Costa compõe a chapa do PSTU ao lado do candidato José Batista. Na luta do movimento desde a década de 90, Malu já viveu diversos embates com patrões, policiais e guardas municipais e defende a ampla participação da mulher em todos os espaços do sistema e a defesa de todos os seus direitos.
"Estamos todos os dias aprendendo e lutando contra essa ideologia que permeia a realidade, mas que precisa ser extirpada, pois é um mal que nada acrescenta para a humanidade. Na minha vida, desde cedo aprendi a lutar contra opressão machista. Sou mãe de três filhas e tento ser um exemplo para elas dessa luta", destacou a candidata.
Os dados sobre violência política no Brasil entre janeiro e março de 2023 mostram um aumento preocupante. Segundo um estudo do Observatório de Violência Política e Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, foram registrados 114 casos nesse período. Esses episódios incluem ameaças, agressões físicas e até homicídios, sendo que mais da metade dos casos foram ameaças (63 casos), seguidas por agressões (17 casos) e homicídios (13 casos). Esses números superam os registrados nos mesmos meses de anos anteriores, mesmo em períodos eleitorais, indicando que o clima político de violência persiste mesmo após a posse de um novo governo.
Apesar dos dados, há quem refute a ideia. A candidata Silvana Bezerra, vice na chapa de Eduardo Girão (Novo) acredita que a mulher ainda não conseguiu enxergar a responsabilidade política que ela tem. "Acredito que o espaço da política para a mulher não seja um espaço tão violento. A partir do momento que você vai quebrando esse paradigma de que a mulher na política é mais difícil, você vai se fortalecer. O que precisa dela é a capacidade dela enxergar que ela também pode ocupar esse espaço", defendeu a candidata.
O debate sobre a participação das mulheres na política alça voos que perpassam os campos da direita e da esquerda em todo o país. A candidata Edilene Pessoa, vice na chapa de Capitão Wagner (União), disputa uma campanha majoritária pela primeira vez. Conselheira Tutelar e nutricionista, ela acredita que seu nome foi escolhido pelo trabalho desempenhado como profissional e não por uma questão de gênero. "A nossa presença nesse campo político amplia a diversidade e a pluralidade de pensamentos com esse olhar feminino que é só nosso. Mas a minha escolha para vice foi muito mais pela minha experiência com saúde, como nutricionista, com crianças e adolescentes, por ser do Conselho Tutelar de Fortaleza, do que algo somente vinculado ao gênero", disse.
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Fonte: BdF Ceará
Edição: Francisco Barbosa
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