O irmão do fundador do Wikileaks, Julian Assange, agradeceu autoridades que se manifestaram em apoio ao jornalista, entre eles, o presidente Lula. Gabriel Shipton afirmou à emissora britânica Sky News que personalidades como o Papa Francisco e o presidente brasileiro foram determinantes para a libertação de Assange.
“Eu venho trabalhando em Washington, em congressos defendendo a liberação de Julian, durante os últimos três ou quatro anos. Conquistar a liberdade de Julian Assange tem sido um esforço global, e é crédito de todos”, agradeceu Shipton.
“Do Papa, que defendeu Julian, o presidente Lula, do Brasil, o primeiro-ministro australiano, todos fizeram parte desse esforço global”, disse o irmão de Assange.
O jornalista deve se declarar culpado nesta quarta (26), em um tribunal nas Ilhas Marianas do Norte, por violar a lei de espionagem dos EUA, em um acordo que encerrará sua prisão no Reino Unido e permitirá que ele encerre sua odisseia e retorne para casa, na Austrália.
O fundador do Wikileaks está a caminho do arquipélago das Marianas, um território americano situado no oceano Pacífico, muito mais próximo da Oceania do que da América Norte.
Assange cumpre uma pena de 62 meses, equivalente ao tempo que já cumpriu na prisão de Belmarsh, no Reino Unido, enquanto lutava contra a extradição para os Estados Unidos. Espera-se que ele seja libertado e retorne para a Austrália, seu país natal, após o desenrolar do processo judicial desta semana.
O Wikileaks anunciou a saída de Assange da prisão de segurança máxima de Belmarsh, em Londres, às 20h50 desta segunda (24). Após a decisão da Suprema Corte britânica por sua soltura, na manhã da segunda, do horário local, o jornalista dirigiu-se ao aeroporto de Stansted e deixou o Reino Unido.
“Julian Assange está livre. Ele deixou a prisão de segurança máxima de Belmarsh na manhã de 24 de junho, depois de ter passado 1.901 dias lá. Ele recebeu fiança do Supremo Tribunal de Londres e foi libertado no aeroporto de Stanstead durante a tarde, onde embarcou em um avião e partiu do Reino Unido”, publicou o Wikileaks no X, antigo Twitter.
“Depois de mais de cinco anos numa cela de 2×3 metros, isolado 23 horas por dia, ele em breve se reunirá com sua esposa Stella Assange e seus filhos, que só conheceram o pai atrás das grades”, disse.
Wikileaks e a defesa pelos direitos humanos e a soberania nacional
Assange se tornou um símbolo da luta pela liberdade de imprensa ao ser perseguido e condenado pelos Estados Unidos por revelar centenas de milhares de documentos que expuseram ataques do exército americano a civis no Iraque e no Afeganistão.
Em 2006, o jornalista criou o Wikileaks, um sistema de “entrega de cartas mortas” na internet para potenciais fontes. Mas foi em abril de 2010 que o site ganhou destaque ao publicar um vídeo que mostrava um helicóptero dos EUA, em 2007, matando uma dúzia de pessoas na capital iraquiana, Bagda, inclusive dois jornalistas da Reuters.
Em 2010, o Wikileaks divulgou mais de 90 mil documentos militares secretos dos EUA sobre a guerra no Afeganistão e cerca de outros 400 mil documentos sobre a guerra do Iraque, na maior quebra de segurança da história militar americana.
Em 2011, a organização revelou mais 250 mil telegramas diplomáticos secretos de embaixadas americanas em todo o mundo, que foram publicadas por jornais como The New York Times e o The Guardian.
Em um dos vazamentos, o Wikileaks revelou que a então presidente da República do Brasil, Dilma Rousseff (PT), foi grampeada pela Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês). Além da própria presidente, outros 29 telefones do governo foram espionados pela agência de inteligência.
O início da perseguição
Os vazamentos enfureceram os políticos e militares americanos e de outras partes do mundo que passaram a afirmar que as publicações colocavam vidas em risco.
Assange chegou a ser acusado por crimes sexuais em um tribunal sueco, que ordenou sua detenção em 2010. O australiano negou as alegações e disse que se tratava de um pretexto para extraditá-lo para os EUA para enfrentar acusações sobre as publicações do Wilileaks.
Em junho de 2012, pouco depois de o Supremo Tribunal do Reino Unido rejeitar o último recurso contra a extredição para a Suécia, Assange entrou na embaixada do Equador em Londres para pedir asilo político.
Em 2019, com a mudança de governo no Equador, Assange foi obrigado a deixar a embaixada em Londres e acabou sendo preso dentro do edifício pela polícia britânica.
Assange foi condenado a 50 semanas de prisão por violar as condições estabelecidas pela Justiça ao conceder fiança para que ele respondesse às acusações de abuso sexual. As acusações acabaram sendo arquivadas.
Apoio de Lula e da comunidade internacional
Durante a odisseia judicial de Assange, o apoio de autoridades e personalidades foi fundamental para a defesa do jornalista, dos direitos humanos, da liberdade de imprensa e da soberania nacional.
O presidente Lula foi um dos mais assíduos defensores do jornalista durante todo esse tempo. Em maio, diante da possiblidade de extradição de Assange, o presidente brasileiro pediu sua libertação.
Em setembro de 2023, durante seu discurso na abertura da 78ª Assembleia das Nações Unidas, em Nova Iorque, Estados Unidos, Lula reiterou seu apoio ao australiano, afirmando que ele “não pode ser punido por informar a sociedade de maneira transparente e legítima”.
“É fundamental preservar a liberdade de imprensa. Um jornalista, como Julian Assange, não pode ser punido por informar a sociedade de maneira transparente e legítima”, declarou o brasileiro.
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Via Portal Vermelho
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