20/12/2023

EMANUELA SOUSA: Das raras vezes, eis a pergunta: Há uma saída?


Não havia saída para o apogeu da minha alma. Eu não enxergava saída, nem mesmo uma janela que pudesse ter escapatória para tudo aquilo que eu vinha sentindo... O vazio, a falta de fé naquilo que um dia eu chamei de amor.

Por diversas vezes disseram que eu estava equivocada, que por mais duvidosa que parecesse aquela situação ainda sim eu poderia seguir tranquila o percurso da vida, que lá na frente eu iria colher os frutos do merecimento, iria me banhar num mar de pétalas de rosas. Eu duvidava, a visão ficou turva e pessimista, por várias vezes eu me perguntava na frente do espelho se ainda era digna de merecer um amor que estivesse à minha altura, ou se era tudo ilusão.

O perigo de ler muita literatura é justamente acreditar em uma vida real semelhante à que vemos nos filmes: Um amor de cinema, recheado de promessas fantasiosas, melodramático, que não condiz com a nossa realidade capitalista e tecnológica.

"Perdeu-se a essência do romantismo." Anotei no caderno.

E no mundo artístico não são só os leitores que sofrem com os finais dramáticos, quando os casais não ficam juntos no final. Nós, autores e também atores, também sofremos, cada um à sua maneira.

Esses dias me debrucei entre as cartas de tarot, puxei apenas uma, saiu A Estrela, uma carta que fala sobre a esperança e também sonhar, se deixar guiar pela luz que existe no final do túnel. A luz que muitos sonhadores e desesperados procuram quando estão desacreditados. Eu havia pedido um sinal do céu, em silêncio, quando estava no quarto, e em poucas horas recebi um sinal, de forma indireta, mas para mim, que sou artista e sonhadora, foi um sinal gigantesco, quase que diretamente.

Passei o resto do dia e a noite em claro, pensando se esse sinal do universo foi mesmo de fato uma luz no fim do túnel que apontava uma saída. Há uma saída? Existe uma saída para os românticos e sonhadores? Estamos nesse momento, de céu cinza e melancólico, à espera.

Só o tempo quem irá nos dizer...

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Emanuela de Sousa é poeta e escritora, natural de São Paulo do Abc paulista. Fez teatro aos 11 anos e se arriscou pela pintura e em desenhos, mas foi na escrita que se encontrou. Emanuela hoje é autora de dois livros publicados: Interrupto, sobre todas as coisas que guardei (2016) e Coração a bordo (2020) Além dos livros ela é colunista no Jornal O Destaque.

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