Nos últimos dias estive pensando em como tenho sorte em viver nessa era, nesse mundo contemporâneo em que podemos resolver tudo (ou quase tudo) através de um clique. Temos agora a oportunidade dos trabalhos home office, trabalhando sem precisar sair de casa, já pensou? Nos tempos dos nossos pais isso não era possível. E também temos uma fileira de aplicativos onde podemos escolher conversar com muitas pessoas, marcar um encontro e quem sabe, rolar algo a mais.
Nessa última geração abre-se um leque de opções e novas configurações em que você tem a autonomia escolher como facilitar a sua vida, inclusive na hora de se relacionar. Relacionamentos não- monogâmicos, poliamor (em que pode estar com mais de um parceiro) e outras tantas outras fórmulas de se relacionar, inclusive, casualmente.
Tudo isso é bastante atrativo, e nos desperta o desejo de experimentar e se aventurar. Porque se prender a um modelo se temos novas fórmulas? Porque sair de casa para trabalhar, se relacionar com nossos colegas de trabalho, chefes, pegar o transporte cheio, se podemos trabalhar no quentinho de nossas casas? Pra quê sair de casa para conhecer novas pessoas, se eu tenho os aplicativos de relacionamento que "bombam" cada vez que posta-se uma nova foto, não é mesmo? Essa nova autonomia que nos deixa bastante à vontade nos deixa à beira da zona de conforto, e com excesso, pode nos fazer perder o entusiasmo pela vida. Por isso, é sempre bom fazer bom uso dos dois.
Do mesmo modo, penso que as novas fórmulas de nos relacionar é bastante extensa, e pode nos ajudar e facilitar e até inovar a relação, mas até que ponto é confortável e justo para ambas partes? Até que ponto fere a nossa essência, os valores e até crenças?
Nesse mundo contemporâneo, tudo nos oferece, mas nem tudo nos convém. Tudo pode, mas não significa que será útil para todos.
Use com sabedoria e moderação.
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Emanuela Sousa é poeta e escritora, natural de São Paulo do Abc paulista. Fez teatro aos 11 anos e se arriscou pela pintura e em desenhos, mas foi na escrita que se encontrou. Emanuela hoje é autora de dois livros publicados: Interrupto, sobre todas as coisas que guardei (2016) e Coração a bordo (2020) Além dos livros ela é colunista no Jornal Meio dia.
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