Por Thalia Torres*
Você, que tantas idas faz,
você, que não me ouve mais,
você, que já não me quer bem,
você, que ainda vive, além...
Você, que já me derrubou,
você, que já me revirou,
você, que nada encontrou,
nos braços de um outro alguém....
Você, que já me consumiu,
você, que já me existiu,
você, que ainda não sumiu,
do olhar de quem não partiu.....
Você, que já me esqueceu,
você, que crime já se prescreveu,
você, que já não mais sou eu,
você, que não me surpreendeu...
Você, o que ainda quer de mim?
você, que nunca esteve aqui,
você, que nada tem de mim,
você, que não me amou, enfim...
Você, que já não sabe mais,
você, que tanto peso traz,
você, que não me vive mais,
você, um desengano a mais...
Você, que não me decantou,
você, que hoje letra sou,
você, que já me estimou,
você, que ainda não passou...
Você, que insiste em me escrever,
você, que não quer receber,
de flores, as deixou morrer,
você, que não sonhou em ser...
Você, que tanto já mentiu,
você, que já não desistiu,
você, que parto não pariu,
você, que ainda vem e volta,
e finge que nunca me viu....
Você, que não se decidiu,
você, que já me instituiu,
você, que já não mais sorriu,
você, que já me repartiu...
Você, que já não mais me é,
você, que já não mais se é,
você, que tampouco quer,
você, que já se foi, mulher...
Você, que tanto me enganou,
você, que já me dizimou,
você, que tanto não lutou,
você, que hoje se cansou....
Você, que hoje me convive,
você, que ainda teima e vive,
você, que não me apagou,
você, que ainda hoje sobrevive....
Você, que já me destinou,
você, que me acorrentou,
você, que já me apagou,
você, que ainda não mudou....
Você, que não me deixa em paz,
você, que não existe mais,
você, que ainda assombros traz,
você, que aqui tanto tempo faz...
Você, que há tantos se deu,
você, que nunca mais me leu,
você, de tantos rios meus,
você, que hoje não viveu....
Você, que vazio mora em mim,
você, que já não amo tanto assim,
você, que já viveu por mim,
você, que já se foi feliz....
Você, que chove lá fora,
você, que ausência inunda o meu quarto,
você, que é chuva-presença,
você, que chove de fato...
Você, que não me acostumo,
você, que tom de desespero,
você, que enquanto não durmo,
embriaga o vinho, embriaga o pão, embriaga o dia inteiro...
Você, que tempestade me assusta,
você, que raio humano me despencou,
você, que hoje ossos me exuma,
você, que descortina o mundo,
você, que ainda aqui continua....
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*Thalia Torres (Lia), graduanda em Ciências Sociais (licenciatura) pela Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA.
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