O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou para julgamento a aĂ§Ă£o que discute se plataformas digitais com sede no exterior sĂ£o obrigadas a fornecer dados de usuĂ¡rios requeridos pelo Poder JudiciĂ¡rio brasileiro.
A decisĂ£o pode ter impacto direto nas investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, jĂ¡ que muitos dos suspeitos articulavam a depredaĂ§Ă£o das sedes dos trĂªs Poderes por meio de aplicativos de mensagens ou redes sociais.
Moraes havia pedido vista do caso em outubro do ano passado, mas devolveu nesta segunda-feira (30). Agora, o processo pode voltar ao plenĂ¡rio. No virtual, pode ser incluĂdo pelo prĂ³prio relator, ministro Gilmar Mendes. No presencial, a data precisa ser definida pela presidente da Corte, ministra Rosa Weber.
O que estĂ¡ em questĂ£o no processo Ă© o alcance do Acordo de AssistĂªncia JurĂdica MĂºtua (MLAT) – decreto que regulamenta procedimentos de cooperaĂ§Ă£o jurĂdica internacional em relaĂ§Ă£o a dados armazenados em outros paĂses.
O MLAT prevĂª que pedidos do JudiciĂ¡rio brasileiro para autoridades americanas, bem como as respectivas respostas, sejam intermediados pelo MinistĂ©rio da Justiça. As empresas alegam que as decisões de Moraes nos inquĂ©ritos sobre “fake news” e atos antidemocrĂ¡ticos nĂ£o tĂªm observado esse aspecto.
AtĂ© o momento, trĂªs ministros votaram. Gilmar, como relator do caso, entende que as autoridades nacionais podem solicitar informações diretamente aos provedores estrangeiros, o que chancelaria as decisões de Moraes.
JĂ¡ os ministros AndrĂ© Mendonça e Nunes Marques apontam problemas tĂ©cnicos na aĂ§Ă£o, como a falta de legitimidade da autora, a FederaĂ§Ă£o das Associações das Empresas de Tecnologia da InformaĂ§Ă£o (Assespro). PorĂ©m, se vencidos nesse ponto, ambos anunciaram que vĂ£o acompanhar Gilmar no mĂ©rito.
Em seguida, Moraes pediu vista. Ele lembrou, por exemplo, que decisões judiciais incisivas do Supremo em relaĂ§Ă£o a usuĂ¡rios do Telegram sĂ³ passaram a ser cumpridas depois que a plataforma foi bloqueada em todo o Brasil.
Nos autos, o Facebook Brasil pede ao STF que proĂba a responsabilizaĂ§Ă£o legal de seus funcionĂ¡rios em caso de descumprimento de ordens sobre fornecimento de dados dos usuĂ¡rios. A empresa alega cuidar apenas das Ă¡reas de publicidade e vendas no paĂs, cabendo Ă sede americana providenciar informações privadas.
O pedido foi feito depois que a filial brasileira foi multada por Moraes em R$ 1,92 milhĂ£o, por ter ignorado a ordem de bloqueio global a 12 perfis de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, suspeitos de integrar esquema de disseminaĂ§Ă£o de notĂcias falsas.
Segundo os advogados da companhia brasileira, o Facebook Brasil nĂ£o tem “capacidade fĂ¡tica e jurĂdica para o cumprimento” das determinações judiciais, por ser pessoa jurĂdica diversa do Facebook Inc, matriz localizada nos Estados Unidos.
AlĂ©m de Moraes, faltam votar os ministros Edson Fachin, CĂ¡rmen LĂºcia, Dias Toffoli, Luiz Fux, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. O ministro LuĂs Roberto Barroso se declarou suspeito e nĂ£o participa do julgamento.
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Via Valor EconĂ´mico
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