09/09/2022

DIEGO SILVA: Cada qual com sua loucura

Por Diego Silva*



O tempo é uma coisa fantástica. Lembro, de forma clara, de um certo questionamento que eu tinha quando criança. Eu não conseguia acreditar o por que a gente envelhece. Ficava às vezes pensando que talvez a gente já tinha sido criado com aquela idade. Que minha avó sempre tinha sido avó com aqueles curtos cabelos brancos. Que meu pai sempre foi aquele rapaz de corpo atlético. E de supetão me peguei cortado pela afiada realidade. E essa quase noia alucinógena me fez ver naquela época que o tempo era algo importante, verdadeiro e implacável. Nada me assusta tanto quanto o poder do tempo. A verdade é que temo mais o tempo do que a própria morte (logo acho que morrer não significa o fim de tudo).  

Falo isso pois continuo assombrado pelas mudanças que o tempo tem feito. Quem eu fui e quem eu sou hoje? Pra que tanta mudança? Tenho saudades, inclusive de mim mesmo, que o tempo resolveu pregar uma peça e não levou em suas ondas. Sinceramente queria tá mais confuso por estar mais perto da morte do que triste com coisas e pessoas que não posso ver ou voltar atrás pra fazer diferente. 

Em tempos em que o multiverso se tornou pop no mundo inteiro eu só queria saber se ao menos em outras realidades existem ou existiram outras versões de mim. Versões mais corajosas, felizes e encantadoras. Talvez se eu fosse um personagem da marvel seria menos frustrante essa reflexão (risos). Enfim, cada qual com sua loucura, com suas quimeras. Ao menos nessa vasta imensidão tivemos a honra de desacreditar do obvio. 


*Sociólogo


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