Por Emanuela Sousa*
Não, não era para ter acontecido assim, de forma tão precoce, tão repentina.
Você escapando entre meus dedos, na falta do meu cuidado.
Até um tempo atrás eu ouvia sirenes me chamando para perto de você. Hoje acordei num choro agudo, reprimido. Já não tenho mais você... Tu não tem a mim...
Agora, todos os dias acordo com os ruídos da nossa comunicação fraca, silenciada, barulhos internos, conflitos.
A gente bailava entre sonhos e desejos. Lembra?
Palavras sujas ditas num tom de delicadeza. Saiam faíscas de nós... Águas ardentes.
Meus lábios sentiam teu gosto antes mesmo de lhe provar, aguada e inerte, permanecia cada vez que lembrava do teu corpo.
Tinha como costume acordar às cinco e meia para assistir o sol nascendo, para pensar em tua beleza.
E agora, onde você está?
Tudo se foi..? Ontem éramos carnaval, hoje somos cinzas?
Entre medo e incertezas vou andando na corda bamba a fim de saber o que resta dessa história que nem começou.
Já não tenho mais tempo, o tempo começa agora, me diga logo onde você está, quero lhe encontrar.
Eu ouvi você me chamando, em teus sonhos.
Me rapture logo.
Leve-nos de volta para às águas calmas
E me diga que tudo não passou de um engano.
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*Emanuela Sousa é cronista, escritora e estudante de Jornalismo. Fez teatro aos 11 anos e se arriscou pela pintura e em desenhos, mas foi na escrita que se encontrou.Hoje Emanuela é autora de dois livros publicados: Interrupto, sobre todas as coisas que guardei (2016) e Coração a bordo (2020) Além dos livros ela é colunista em um Portal, o Potiguar Notícias.
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