04/11/2021

THALIA TORRES: Na primeira mocidade

Por Thalia Torres*


Quem de duas ou três gerações não se sentiu com a mesma disposição de espírito de um espectador diurno, revivendo todos os dias uma única oratória de otimismo existente?

Perderia se a cabeça, ao se observar a dadivosidade dos dias sem a necessidade de uma gilete sob a fibra dos olhos. Quando o processo de mocidade se apresenta, se aglomera junto, o tolo e suscetível sonho da ideia otimista de vida.

Já que a vida é uma tarefa que devemos desempenhar laboriosamente, é neste sentido que, ainda se pode considerar a vida como um episódio que perturba o sono, a beautitude e repouso da alma.  Uma sequência de episódios de dor, fome, miséria, e sofrimento abstratos. De todas as criaturas que o sol ilumina. 

Se é verdade que, isso que chamamos de vida, ao longo do curso de nossa mocidade nos prepara para os confins-do-otimismo não muito distante, que mais nos caliça os ossos que a alma. É preferível que se acredite em uma nova vida para que seja considerável, natural e justificável morrer todos os dias.

Assim, se torna mais fácil que aspirar o mundo como real inferno, como um lugar de homens atormentados, se dividindo em outros novos tormentos....

É preferível creditar a vida como curso do sinônimo de força (quem sobrevive a ela) e, muito se apodera de grande bobagem. Essa força é de fato, grande parte minúscula quando se ultrapassa a primeira mocidade. 

As gerações posteriores, a vida adulta, na verdade busca mais consolação  que a força sem utilidade advinda de uma construção-de-aço ao longo do ser. A consolação para lidar com as ideias tempestivas de vãs promessas de felicidade, desilusões, dores sem tréguas. A consolação para a vida posterior, que não exite de uma força que mais serve de justificativa para suportar os dias seguintes. 

A primeira metade da vida seria apenas uma infatigável aspiração de felicidade? De modo que, a segunda parte, seria dominada por sentimentos dolorosos? Que toda essa felicidade não passaria de uma quimera, sendo que só o sofrimento é real? Esse mundo corrompido pela poeira do tempo entrou em estado de catatonia? 

O que acontece é que, logo após a primeira mocidade, vem a velhice que reage sob a enzima do tempo e com ela, as dores resfriadas. As paixões e os desejos, logo se extinguem uns após os outros. E a partir que os fragmentos restantes destas, se tornem indiferentes, a sensibilidade em relação a eles diminui, logo cessa.

As imagens se tornam dignas de errônea palidez, as impressões já não se repelem e, passam sem deixar vestígios. A mocidade acabara de passar...

Depois disso, o tempo nos incinera, as cláusulas políticas já não têm tanta importância, e o ímpeto de justiça social que nasce com a mocidade se despadece. Logo o mundo perde o sentido, se descolora. O homem acabranhado pela idade e massacrado pelo tempo que firma os pés sobre essa terra, cambaleando, não sendo mais do que a sombra de seu passado.  

Vem a morte, o que nos resta em construto acerca de nós mesmos? Apenas em nos ocultarmos dos prazeres impetuosos. Da satisfação de uma necessidade insaciável de sermos indiferentes, inerentes aquilo que somos em síntese, a própria sua contradição.

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*Thalia Torres (Lia), graduanda em Ciências Sociais (licenciatura) pela Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA.

Um comentário:

  1. Ao texto Thaliático, minha glândula encefálica mirrada de 1200 gramas cinzentas, necessitou rele-la na totalidade, na incredulidade do que os meus olhos descriptografavam. O que queria a autora? Exaltar a imortalidade da própria existência? Homologar o abstrato da ressurreição? Pintar a hóstia da reencarnação? Ou simplesmente expulsar os demônios da sua desgraça adolescente?
    Tem um código a ser quebrado na pia asséptica do olhar lastimável da autora. Se é hipotético o que chamamos de vida, a tristeza é quinhão de todo humano e querer não sofre-la é puro engano.
    Imagens pálidas de uma mocidade que passou e o contraditório da vida que levamos, vejo a mágoa amarga da saliva da alma da autora, na sofreguidão do limbo, hipotético e virtual de Dantes na composição do inferno em subníveis.
    Sou ser sem ALMA OU ESPÍRITO, condicionado à afirmar que a agonia do pulsar das nossas veias produzem marcas que não dá pra apagar. Que o alpendre do nosso ego faz Qelps se levantar e odiar a areia nos olhos desérticos da nossa falta de cuidados com a carcaça que carregamos. O CÁGADO encerra a vida, à terra o plastrão, te devolvo natureza a falta de generosidade que fostes de ti a mim. Que sentido me destes? O de carregar minha casa na cabeça, sem ao menos poder deitar-me de peito aberto e olhar uma estrela?
    O homem acabrunhado e massacrado pelo tempo, num tempo tão curto que, sequer olhou o cágado, jabutí ou tartaruga que morre sem dar uma palavra ou viu uma estrela.
    Qual o sentido disso? Estaria, o autor, trancado num casco e carregando sua casa na cabeça, se perdendo na lástima da visão mundana? Que pureza será necessário para embutir a filosofia, a ciência e a hipotética existência de Deus? Que junção pura será necessário para estourar a bolha pensante do egoísmo humano?
    Eu: Somos o que somos, se não me contares, morrerei achando.

    Meu nome é Sebastião José Filho, sou professor de Educação Física, pós Graduado em Ciência da Motricidade Humana, UNESA-RJ (2001).
    Enjoado com a falta de escrita e deploração da língua portuguesa.
    Tenho como profissão a Elétrica e Refrigeração comercial que me sustentam. Ser professor neste país Latrina de 8,4 milhões de km2 com 210 milhões de "TOLETES" e, 56 milhões de seguidores de um psicopata miliciano, da vontade CAGAR.

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