14.11.2019
O ecologismo possuí várias vertentes e sobre cada uma delas existe uma perspectiva extremamente
econômica em suas bases de fundação. Como por exemplo o Culto ao Silvestre e o Evangelho da
Ecoeficiência, ambas correntes de pensamento ecológico, porém com interesses mais diferentes do que
similares do Ecologismo dos Pobres ou Ecologismo Popular, supracitado acima. São correntes de
pensamento ecológico que não vão de embate contra esse progressismo exacerbado. Entanto que as
mesmas não radicalizam contra o industrialismo e nem com os problemas que geram as usinas nucleares.
Diferentemente do Ecologismo dos Pobres que visa encarar de fato amplos problemas que o capitalismo
causou. Enfrentando desde a área ecológica como também política, social e econômica. Lembrando que
independente de qualquer coisa, esses debates estão extremamente interligados.
Essa terceira corrente do ecologismo que agrega defensores de suas pautas hoje no mundo inteiro, seja
identificados como seus subgêneros (como Ecossocialistas) ou ativistas que fizeram história no Brasil e no
mundo como é o caso do saudoso Chico Mendes, que foi assassinado por latifundiários por o mesmo
defender a natureza e os mais pobres. Também norteia o rumo de organizações populares que trabalham e
pautam essa luta. Exemplo a citar temos o Movimento Rural dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) que
estão a trinta e cinco anos em atividade em defesa da reforma agrária, do meio ambiente e de uma outra
sociedade. Fazem um trabalho enorme no Brasil com famílias que foram desapropriadas pelo latifúndio e
deixadas à margem pelo Estado. Da mesma forma no Brasil existem outros movimentos ligados a ecologia
dos pobres como a Via Campesina (que também se articula no mundo inteiro), a LCP (Liga dos
Camponeses Pobres) que estão a 24 anos radicalizando a luta por terra e por reforma agrária no Brasil.
No entanto a política ecológica sofre várias perdas com o crescimento de tendências de pensamento
ambiental que não dialogam com o social e nem com os menos favorecidos. Visto que falar de ecologismo
é falar também dos povos originários, é falar de quilombolas e de produtores rurais que estão nos rincões e
nos mais distantes locais. Onde o homem “civilizado” não consegue chegar ainda com sua tecnologia e seu
progressismo. Mas para além da luta dos Movimentos Sociais de Camponeses e Agricultores Familiares e
também da luta por direitos e sobrevivência dos povos originários o ecologismo dos pobres também pauta a
questão da migração ambiental que é um dos temas mais debatidos hoje. Pois é um tipo de êxodo rural só
que por questões econômicas e sim pela degradação ambiental. Onde o meio ambiente totalmente poluído e
devastado trouxe como consequência mazelas vindas das mudanças climáticas. Inundações e secas tem
feito milhões de pessoas mundo a fora se deslocarem de seus territórios.
Por fim um dos importantes temas também trabalhado por essa corrente de pensamento e que tem ficado à
margem de muitos debates é a ideia de Democracia Participativa, que é o lado mais político do ecologismo
dos pobres. Pois visa colocar o povo nas decisões e não apenas sendo um tipo de coparticipante do
processo. Exemplo de como se efetua essa participação é a participação nos processo de tomadas de
decisão e do controle do exercício do poder. Assim como também através de referendos, plebiscitos e vetos
populares. Isso acarretaria numa política de base feita pra grande maioria da população. Tendo como seu
principal agente decisório a maioria das pessoas e não apenas alguns ditos representantes.
O Ecologismo dos Pobres chega parecer muito utópico, porém é a mais clara forma de levar justiça,
igualdade e solidariedade para os oprimidos do mundo.
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*Editor do blog e Licenciando em Ciências Sociais (UVA).
Gostei muito deste artigo, gostaria muto de dialogar com o autor, tenho um projeto em andamento no sul do Brasil.
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