AnĂ¡lise: Racismo como fato social

Por Diego Silva 18.07.2018




Para pensarmos sobre o que Ă© ou nĂ£o Ă© um fato social em nossa sociedade, vale lembrar que o fato social estĂ¡ totalmente ligado ao elemento cultura. Pois as trĂªs caractĂ©risticas que Émile Durkheim (2007:02) categoriza para definir o que Ă© fato social sĂ£o elementos da prĂ³pria cultura humana. A coercitividade, exterioridade e a generalidade.

A ligaĂ§Ă£o Ă© tanta que sabemos que assim como outras formas de opressões Ă  minĂ³rias sociais, como machismo e homofobia. O racismo Ă© culturalizado. Ou seja, temos culturas desprezĂ­veis que naturalizam opressões como formas de liberdade e de opiniĂ£o.

Quando Durkheim fala na sua obra As Regras do MĂ©todo SociolĂ³gico, que "Ele estĂ¡ em cada parte porque estĂ¡ no todo, o que Ă© diferente de estar no todo por estar nas partes."(DURKHEIM, 2007: 09). Observamos que o autor destaca, no decorrer da sua obra a influĂªncia que se possui na educaĂ§Ă£o infantil pelas transmissĂ£o de crenças e prĂ¡ticas anteriores ao nascimento. É por isso que o racismo tem se perpetuado dentro de nossa sociedade. Criou-se uma cultura racista que começa antes mesmo das criaturas (que irĂ£o exercer essa conduta criminosa) nascerem. Pois essa exterioridade, que Ă© uma caractĂ©ristica de fato social em Durkheim, estĂ¡ independente de nossa consciĂªncia. Pois estĂ¡ relacionado aos padrões culturais criados como forma de hegemonizaĂ§Ă£o e superioridade, para que se justifique a escravizaĂ§Ă£o dos corpos, hoje velada porĂ©m jĂ¡ foi escancarada nos sĂ©culos passados.

EntĂ£o partindo da premissa de que ninguĂ©m nasce racista, mas se Ă© educado. Observamos a coercitividade sofrida nos individuos que sĂ£o educados por estĂ¡ tal cultura eurocĂªntrica, onde faz o individuo se encaixar nesse grupo que ao longo dos tempos destila seu Ă³dio e a indifrença a corpos negros. Pois quando se existe uma quebra e um afastamento de negaĂ§Ă£o dessa cultura sofremos uma coerĂ§Ă£o. Exemplos nĂ­tidos encontramos nas favelas brasileiras,
quando se manifestamos com as chacinas contra corpos negros e a criminalizaĂ§Ă£o da pele preta pelo aparelho repressor do estado, a polĂ­cia. Somos coagidos e reprimidos para que aceitemos e naturalizemos que o negro Ă© inferior. Existe anda a justificativa para isso quando mostram que a maioria da populaĂ§Ă£o carcerĂ¡ria Ă© composta por negros e negras. Usando assim esse dado racista para poder justificar a repressĂ£o e a eliminaĂ§Ă£o de pessoas de cor na sociedade que se auto coloniza hoje pelo eurocentrismo.

Ao analizarmos a exterioridade observamos que a cultura racista se predomina em nossa
sociedade por causa dela vim antes do individuo nascer, pois jĂ¡ estava lĂ¡ sendo culturalizada por outro. Ou seja, ela Ă© algo exterior ao individuo que nasce. Pois jĂ¡ vem antes. E Ă© isso que a faz continuar predominando, pois como jĂ¡ foi dito no inicio do texto, vĂ¡rias formas de opressĂ£o que foram culturalizadas desde o inicio dos tempos virou a força motriz para que se perpetue estĂ¡s ideias e formas odiosoas de ver a sociedade e o outro.

E o racismo Ă© geral porque onde vemos, olhamos ou ouvimos, seja no rĂ¡dio, tv, livros ou mesmo na internet existe uma grande propaganda para que todas as pessoas comecem a aderir o racismo como arma de segregar a sociedade e colocar no topo um tipo de pessoas, que para o racista, sĂ£o superiores. Isso Ă© muito simillar a ideia de raça ariana de Hitler. Pois quando vemos em novelas, jornais e outros meios de comunicaĂ§Ă£o e cultura o negro sempre sendo minĂ³ria e protagonizando papeis inferiores como bandidos ou empregados, vemos tambĂ©m uma forma velada de mostrar que somos inferiores e nĂ£o possuimos capacidade para tal funĂ§Ă£o. Exemplo, tambĂ©m, bem nĂ­tido Ă© dentro do campo que rege as leis e guiam a nossa socidade, como a polĂ­tica, onde o negro mal chega a ter representaĂ§Ă£o. É por isso que o
racismo ele nĂ£o existe para um Ăºnico individuo e sim para toda uma socidade. SenĂ£o, assim como outras opressões, o racismo nĂ£o teria sido culturalizado.

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