Dias atrás, olhando o Facebook me deparei com uma propaganda do Bradesco sobre o mês do orgulho LGBTI+.
O próprio texto da propaganda traz a descrição do vÃdeo:
"O vÃdeo possui uma sequência rápidas de cenas de Preta Araújo, Louie Ponto, Murilo Araújo e Luca Scarpelli, que foram gravadas em suas residências. Todos eles aparecem sentados e depois em pé com a bandeira LGBTI+. O vÃdeo finaliza com um mosaico de todos eles na mesma cena, as cores do arco-Ãris e o logo do Bradesco e a Hashtag Aliados Pelo Respeito."
Importante analisar três elementos simbólicos:
1. As cores do arco-Ãris;
2. A logo do Bradesco;
3. A hashtag Aliados pelo Respeito.
O Bradesco é um dos cinco bancos que dominam 85% do mercado no Brasil. Tal domÃnio, por sua vez, faz com que o brasileiro sofra com taxas de juros altÃssimas, de patamares mais elevados do que muitos paÃses e, sobretudo, é um dos bancos que vem lucrando em cima da lógica perversa do rentismo.
O Bradesco, por si só, representa um dos maiores sÃmbolos do capitalismo financeiro no Brasil.
Sabemos muito bem que grande parte das desigualdades sociais existentes no Brasil atualmente são fruto do problema da dÃvida "pública" onde o pagamento de seus juros consome uma boa parte do orçamento da união. A luta de classes atual é entre a grande massa da população que vive em condições precárias e os banqueiros que lucram cada vez mais a cada ano que passa.
O Bradesco que está contido nessa lógica do capital é um aliado da pauta LGBTI+? Sabemos que muito das condições que as pessoas LGBTS enfrentam são oriundas do próprio sistema capitalista que é patriarcal e homofóbico. Vemos que muitas das pessoas trans recorrem a empregos como cabeleireiro ou até a prostituição por conta de não encontrarem oportunidades nesse sistema excludente. Aliados pelo respeito? Me preocupo muito com o distanciamento da pauta identitaria e da luta anti-capitalista.
Meses atrás vimos uma grande mobilização nas redes sociais por conta da vitória de uma mulher negra no BBB, porém eu levanto a seguinte questão:
Já paramos para pensar no quanto a Globo lucrou em cima disso? A mesma globo que apoiou a ditadura militar e que deu cobertura midiática para lava-jato e, assim, viabilizando o golpe de 2016.
Acredito que não podemos cair nas ilusões dessas corporações que buscam apenas lucrar expondo uma imagem de preocupação com as minorias. Que o movimento identitário não se desvincule da luta anti-capitalista.
*Bacharel em Ciências Econômicas e Licenciando em Ciências Sociais.
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