Diego Sousa: falta coragem para a esquerda brasileira


Uma coisa que tenho observado nos últimos dias é como a esquerda perdeu convicção de uma das suas principais características, que na minha leitura, é a coragem. Seja para enfrentar o sistema, o fascismo ou para conquistar alguma vitória almejada. 

Muito se fala - na maioria das vezes pelos acadêmicos da velha esquerda - que quando a mesma entra nos governos (principalmente no âmbito federal) ela esmorece, adora o conforto da sala com ar-condicionado e aí acentua o processo de despolitização, logo evita o campo de batalha das ruas. 

Para ser sincero, eu não concordava com isso não. Mas, observando, com meu humilde olhar sociológico, tenho, todos os dias, avaliado que essa afirmação procede. E as provas estão aí, jogadas na nossa cara. 

Poderia, cá, elencar diversos pontos, mas vou usar apenas uma situação que me chamou atenção. No dia 1 de agosto, aconteceram atos em todo o país convocados pela União Nacional dos Estudantes (UNE), para defender a soberania da nação. Os atos ocorreram em frente a prédios de representação do governo dos EUA no Brasil¹.

A UNE propôs uma grande iniciativa. Mas quando fomos ver a representatividade, se destacaram apenas três grandes organizações. A UNE, responsável pela convocação, a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) que se somaram aos estudantes nessa luta².

O resultado, sem medir a dimensão simbólica, foi o esvaziamento por parte da própria esquerda – seja governista ou não – que não reforçou a mobilização.

Lembrando que a última vez que a esquerda colocou mais gente nas ruas foi no dia 10 de junho, na avenida paulista, onde compareceram apenas 15 mil pessoas³.

Isso apenas evidencia o enfraquecimento político desse campo, que já foi muito mais organizado e combativo numa época extremamente recente.

Agora eu entro no ponto final. E a extrema-direita? Mesmo destilando ódio, vassalagem e antipatriotismo (sem falar de agredirem a Constituição em certos casos), incorporou um espírito de guerra e tem lutado com todas as suas forças pelo líder deles e contra a nação brasileira.

Após um pequeno recuo, avançaram e estão todos os dias pautando o debate nacionalmente. Neste último domingo (03/08), os extremistas fizeram grandes atos pelo país se comparados aos atos feitos pela esquerda nos últimos dias, mostrando que possuem uma base social bem grande, alinhada aos seus propósitos⁴.

Essa avaliação que faço é uma avaliação sincera. Pouco me importa aqueles que vão dizer que estou alimentando ânimo nos direitistas ou algo similar. Mas o que não quero é deixar de dizer o que penso sobre uma verdade, que, para mim, é inquestionável.

A direita tem – e não é de hoje – dado aulas em alguns quesitos para a esquerda. E se a esquerda não acordar, o período pós-Lula será um período em que amargarão imensas derrotas.

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1 - https://horadopovo.com.br/une-convoca-ato-em-defesa-da-soberania-nacional-em-frente-a-embaixada-dos-eua-no-dia-1o/

2 - https://vermelho.org.br/2025/08/01/atos-pelo-brasil-clamam-fora-trump-soberania-nao-se-negocia/

3 - https://www.cnnbrasil.com.br/politica/ato-de-movimentos-de-esquerda-reune-151-mil-pessoas-na-paulista-diz-usp/

4 - https://cbn.globo.com/sao-paulo/noticia/2025/08/03/com-bandeiras-dos-eua-apoiadores-de-bolsonaro-fazem-ato-em-apoio-ao-ex-presidente-na-paulista.ghtml


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