Quando a gestão nega cuidado: o desabafo de uma professora e mãe



Este é o desabafo de uma professora que, em solidariedade às colegas temporárias, denuncia a desigualdade no tratamento e a falta de sensibilidade da gestão com as mães educadoras de Sobral.

"Sobral uma cidade educadora, onde 85% do quadro de funcionários são mulheres e a gestão da educação é liderada por uma mulher, o tratamento entre professoras temporárias e efetivas se torna cada vez mais desigual. É sabido por todos que cada vínculo de trabalho possui suas especificidades legais; nenhuma professora temporária é ignorante quanto a isso. No entanto, a classe que tanto acreditou que a tão sonhada valorização chegaria se depara com um ato cruel: o impedimento de apresentar declaração para acompanhamento de filhos doentes.

Em gestões por todo o Brasil que propagam exaustivamente o slogan "Deus e família", essas trabalhadoras são massacradas ao serem privadas do mínimo de dignidade que se espera para cuidar de SUAS famílias. Qual mãe conseguirá trabalhar em paz sabendo que seu filho está em casa doente, enquanto ela, como seu porto seguro de apoio, carinho e amor, é impedida de confortar seu bem mais precioso?

E quanto ao número de mães educadoras (professoras, auxiliares educacionais e agentes administrativas) que são mães solo e dependem exclusivamente delas mesmas para cuidar dos filhos? Muitas não têm uma rede de apoio e contam apenas com elas e com Deus para que nada aconteça. E as mães temporárias com filhos atípicos, como ficam? Elas devem chorar sua sorte ao perceber que não poderão levar seus filhos a terapias e outras intervenções necessárias após terem batalhado para conseguir que seus filhos sejam atendidos em programas de assistência?

Essa atitude da gestão atual massacra nós, mães - mulheres - profissionais e expõe o abismo de direitos que existe entre nós e os homens. Tirar dessas trabalhadoras o mínimo necessário, as coloca abaixo do que se espera de uma gestão humanizadora. Isso faz com que se sintam desumanizadas, como se professoras temporárias e os filhos de professoras temporárias  não fossem considerados gente.

É, queridos professores, parece que o chicote só mudou de mão."

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Mousiely Soares - Professora da Rede Pública de Sobral

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