02/07/2024

LUCIANO SIQUEIRA: Governança em mar revolto



Como conduzir a luta política no caleidoscópico tempo em que vivemos? 

Parece pura abstração, mas não é. 

Antes a imperiosa necessidade de se buscar formas e métodos que assegurem — do ponto de vista dos que almejam o avanço do processo civilizatório neste atribulado século XXI — a unidade de propósitos, coesão e capacidade de resposta em tempo real aos múltiplos desafios estratégicos e táticos que se expressam no cotidiano.

Vale para os partidos políticos e, guardadas as diferenças, vale também para governos como o liderado por Lula no Brasil. 

Obviamente, há distintos partidos situados à esquerda, numa concepção ampla — que engloba os que em certa medida se batem pela soberania do país e pelos interesses fundamentais do povo.

Dentre eles a diferença se dá pela concepção programática. 

O maior diferencial está na proposição de um novo projeto de desenvolvimento do país que, a um só tempo, supere entraves à construção da nação e produza condições objetivas para a elevação do padrão de vida material e espiritual dos trabalhadores e do povo, capacitando-os a almejarem o passo adiante, de caráter socialista. 

Esse conceito rebate de maneira incontornável na absoluta necessidade de uma direção coletiva competente, coesa e ágil, infensa às pressões pela dispersão, dominantes hoje numa sociedade marcada por novas formas de comunicação e produção de bens e serviços, em que a tecnologia confunde a ação coletiva consciente. 

Não se trata da mera repetição de formas e métodos, digamos, gerenciais que deram certo no passado. Mas implica necessariamente no exercício da direção coletiva. 

Num partido como o PCdoB, uma necessidade vital, em todas as instâncias.

De modo diferenciado, mesmo sentido tem a evidente necessidade de um núcleo de condução do governo federal, obviamente sob a inquestionável liderança do presidente da República. 

Parece ousadia excessiva de quem escreve essas notas breves e despretensiosas. 

Pois que sejam tomadas como provocação de militante que há décadas pôde comprovar, pela experiência prática, que a liderança única e formas meramente bilaterais de funcionamento do estado maior nunca deram certo. 

De modo que o que há de ser politicamente consistente, coeso e ágil torna-se de certo modo poroso e sujeito às tormentas constantes do mar revolto. 

Daí a palavra mal colocada, a iniciativa pouco consistente e a vulnerabilidade diante de pressões da base social, legítimas ou não; e dos ataques de poderosos inimigos cada vez mais ágeis, sofisticados e ardilosos.

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Via Portal Vermelho

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