17/06/2024

Mais do mesmo: a difícil missão de ser mulher, por Emanuela Sousa



Não adianta. Por mais que comemoremos as conquistas feitas pelos direitos no mundo feminino com muita luta e suor, nada está garantido para a mulher. Esta semana fomos pegos desprevenidos pela notícia de um projeto de lei que o partido PL quer para equiparar o aborto ao homicídio.

A notícia não só gerou forte revolta nas redes sociais como também levou milhares de pessoas às ruas para levantar novamente a pauta dos direitos da mulher. Até mesmo porque o cenário é caótico para todas: em especial meninas, vítimas de abuso sexual no país, além de que este projeto passa por cima dos direitos das mulheres já previstos em lei.

Só para lembrar, atualmente, a legislação permite o aborto ou a interrupção de gravidez em casos em que a gestação decorre de violência sexual, coloca em risco a vida da mãe ou em casos de bebês anencefálicos.

Vendo essas cenas de horror que temos visto nos últimos dias, confesso que me entristece profundamente, mas não me choca... Observe! A mulher precisa a todo momento estar brigando pelos seus direitos, até mesmo pelos mais básicos. O óbvio ainda precisa ser gritado pelas ruas para ser entendido. Basta lembrar da luta das mulheres pelo direito ao voto, dos direitos aos salários iguais aos homens, a luta pelo direito de proteção à mulher, que hoje chama-se Lei Maria da Penha... veja que todas essas conquistas não foram fáceis de conseguir, mas basta descansarmos um pouco para que algo nosso seja ameaçado de ser retirado. Isso me faz lembrar muito o que disse Simone de Beauvoir: “Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados.”

E ela está coberta de razão. Não há um dia de descanso para nós, mulheres. Todo dia é mais do mesmo.

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Emanuela Sousa é poeta e escritora, natural de São Paulo do Abc paulista. Fez teatro aos 11 anos e se arriscou pela pintura e em desenhos, mas foi na escrita que se encontrou. Emanuela hoje é autora de dois livros publicados: Interrupto, sobre todas as coisas que guardei (2016) e Coração a bordo (2020) Além dos livros ela é colunista em alguns portais nacionais.

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