01/01/2023

EMANUELA DE SOUSA: Eros me prometeu um amor daqueles de cinema

Por Emanuela de Sousa*

Eros e Afrodite, Teatro Municipal de São Paulo.

Eros e a deusa Afrodite falharam em sua missão de me entregar um amor numa época cercada de amores fajutos. 

Quando somos jovens encontramos nos livros e nos filmes personagens que fazem nos acreditar que o amor é para todos, e que mais cedo ou mais tarde iremos encontra-lo pelo caminho. 

Mas, certamente não sabíamos que experimentaríamos tantos amores e paixões que se desmoronasse com facilidade. 
Ainda aos 23, ao ler sobre mitologia grega, descobri que Eros, o deus do amor erótico, fruto da união de Afrodite e Hades, é o próprio cupido, o que mira no outro as flechas da paixão. 

Por muito tempo acreditei que esse cupido aparecesse e me trouxesse um amor real, seguro, romântico que me fizesse sonhar.
Será que é pedir muito? 

Em que momento nos perdemos para deixar de sonhar? 

Os casais que vemos contracenando nas telas do cinema já não lembram mais os da realidade, talvez porque muitos desses ficaram de saco cheio do mesmo, talvez pela racionalização e pessimismo que o mundo contemporâneo ofereceu alterou o roteiro. 

O resultado é viver em uma época chata, cheio de regras, onde prega-se que amar muito não é saudável, o individualismo é o centro de tudo, sentir saudade é sinal de dependência... Algo bem distantes do que vemos na tela do cinema e das páginas do livro. 

Eles esqueceram de usar óculos escuros para preservar uma visão encantadora e mais otimista do mundo. Em pouco tempo foram levados pela desesperança, lançaram blasfêmias terríveis ao amor. Lamento. 

Reluto ainda com a certeza que serei abordada pelas flechas de um amor real, imenso, que traga o sentido de seguir amando. Ando protegida para não cair nas armadilhas dos amargurados. 

Sinto vontade de invadir as telas da vida real, trazer vida ao que era pó, ir na sua porta te levar flores. (irás me achar tola por isso?)  
Irei lhe mandar beijos quando lhe ver passando pela rua. 

O caminho dos sonhadores apaixonados é longo, desafiador mas dizem que a luz está lá no fim do túnel... Basta persistir.  

O reflexo de uma época tão rasa não pode ser o fim dos que ainda querem persistir em seu sonho puro e genuíno.

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*Emanuela de Sousa é poeta e escritora, natural de São Paulo do Abc paulista. Fez teatro aos 11 anos e se arriscou pela pintura e em desenhos, mas foi na escrita que se encontrou. Emanuela hoje é autora de dois livros publicados: Interrupto, sobre todas as coisas que guardei (2016) e Coração a bordo (2020) Além dos livros ela é colunista em um Portal, o Potiguar Notícias. 

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