01/10/2021

EMANUELA SOUSA: Presságio [texto inédito]

Por Emanuela Sousa* 


Ainda não sei que nome dar a este sentimento que chegou de supresa e precisei com urgência, acolhe-lo em um lar. Só sei que é bom, eufórico, caloroso e me deixa em êxtase. Danço enquanto me envolve, ao som de Kings Of Leon no último volume. 

Penso que seja amor, ou talvez seja eu empolgada, querendo assemelha-lo à este sentimento. Talvez seja uma euforia ou uma paixão visceral, poderosa capaz de me tirar da realidade doída. Isso me faz lembrar aquelas paixões na adolescência... Época das descobertas, do fim da inocência, quando pensávamos que iriamos morrer por amor; e o que prossegue depois é um tortuoso caminho até chegar à vida adulta.

Mas não tenho pressa em decifra-lo por agora... É urgente senti-lo, antes que nos percamos nas angústias da vida.

"Cadê? Cadê o fio do desejo?" O desejo é fome, paixão. E ele começa em mim. Sinto-me faminta. Desconfio que já não seja mais amor, mas vontade. Sim, vontade que corre em minhas veias, escapa entre meus dedos e desmancha em sua boca.  

Apesar de todo esse ardor inflamável,  existe um outro lado oculto do qual ignoro: tenho tido presságios esses dias... Sobre nós. 

O  tarot na semana passada alertou que são altas as chances de nosso laço ser breve, além que desconfio que essas mãos que seguram as minhas prometendo sinceridade, não são seguras.  Desconfio que há controvérsias nesse tom que narra o quanto foi magoada no passado. 

Tenho a breve desconfiança que tudo se perderá, em pouco tempo. Nos desmancharemos e depois iremos agir como duas desconhecidas quando nossos olhos se encontrarem na rua. Engolindo, ao mesmo tempo, o desconforto de sermos vistas. 

Talvez seja coisa da minha cabeça, eu devo estar delirando. Deveria dar um descanso em leituras místicas, e evitaria o mau humor. Talvez o desejo já tenha me cegado.

Não muito o que fazer com o presságio. Apenas esperar, esperar para acontecer, esperar para crer. Minhas vistas não querem ver, cobrirei  meus olhos quando chegar o fim, taparei meus ouvidos, me fingirei de surda. 
Não há muito o que fazer. Enquanto os astros não se movimentam, sonhos não se profetizam, e o pressentimento ainda não realiza, eu escolho continuar aqui, diante de teus olhos, emanando afeto e amor.

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*Emanuela Sousa é cronista, escritora e estudante de Jornalismo. Fez teatro aos 11 anos e se arriscou pela pintura e em desenhos, mas foi na escrita que se encontrou.Hoje Emanuela é autora de dois livros publicados: Interrupto, sobre todas as coisas que guardei (2016) e Coração a bordo (2020) Além dos livros ela é colunista em um Portal, o Potiguar Notícias.  

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