Por Rikelmy Regino*
No penúltimo domingo (19), o Paris Saint-Germain enfrentou o Lyon em jogo válido pela Ligue 1, e contou em sua escalação inicial com Messi, Neymar e Mbappé, o trio mais aguardado do futebol europeu, cuja a expectativa era de um PSG com muita ofensividade e gols, mas no entanto, na partida supracitada, aos trinta e um minutos do segundo tempo o técnico Pochettino sacou o seu compatriota Lionel Messi e colocou o marroquino Hakimi, e para além da substituição, essa movimentação gerou polêmica após a reação de Messi ao ser substituído,
servindo como tema de debate e até mesmo de questionamentos sobre a continuidade do técnico argentino.
Porém, será que é tão fácil assim lidar com um time cheio de estrelas? Utilizar o trio não seria uma movimentação óbvia? Longe de uma análise do perfil tático de Pochettino, é preciso compreendemos que diante de um futebol que exige cada vez mais equilíbrio entre defesa e ataque, a ideia de formação desse trio NMM perpassa pela resolução de uma eventual exposição do time ao ataque adversário, tudo porque os três atletas são normalmente isentos de marcação, e isso deixa o time desconfortável e vítima da superioridade numérica e/ou amplitude
do rival.
É inegável que com a posse de bola o PSG tem um dos ataques com um dos maiores potenciais já vistos, em caso de um entrosamento, o drible de Neymar, a finalização e velocidade de Mbappé junto a conhecida capacidade de Leo Messi de arrastar linhas de marcação, se tornaram quase letais, mas o problema está quando o time está sem a posse e precisa de defender, pois nenhum dos três é apto a retornar para compor uma linha de marcação, contudo, esse fenômeno não é atual, em outros times tivemos algo parecido, como no Barcelona do MSN por exemplo, no qual Neymar era quem se sacrificava e descia para formar uma linha de quatro no meio campo junto aos outros meias, e o mesmo ocorria com o Real Madrid e o BBC, no caso o sacrificado era Bale, mas esse tinha um pouco mais de facilidade pois tinha origem na lateral esquerda, diferente dos atacantes do clube francês.
Ademais, no primeiro jogo da Champions League contra o Club Brugge esse fenômeno foi mais visível ainda, em momentos que Messi, por exemplo, perdia a bola, o restante do time tinha que correr e recompor em tempo mais hábil que o usual, isso porque os três atacantes não se prontificaram a marcar imediatamente, forçando os demais a correr mais para evitar a transição rápida do adversário, que por falta de técnica não aproveitaram os espaços, porém, quando falamos em volantes como Pogba, Kante, Kimmich ou Casemiro, que possuem um vasto repertório de passes que buscam a ligação rápida ou a iniciação de um contra ataque, esse cenário renderia muitos problemas ao PSG. Outrossim, até mesmo na construção do jogo do rival o PSG se encontra em desvantagem, pois a linha de três é facilmente superada pela amplitude, pois com o balanço do jogo entre as laterais um espaço acaba sendo gerado dado o número de componentes na linha do time de Paris e isso dá oportunidades de gols para o adversário.
Outrora, ponderando o perfil do trio NMM, notamos que Neymar já não possui físico para tal movimentação e Mbappé, apesar da idade, se adianta para eventuais ofensivas, logo, a escalação de Leo Messi implica em menos um jogador com maiores responsabilidades defensivas. Portanto, Pochettino tem em mãos uma difícil decisão de expor o time em troca de um fan service ou manter um esquema seguro, mas colocar em risco o seu controle de vestiárioe sua imagem diante da mídia, visto que, em caso de derrota, as primeiras pedras já estarão apontadas para ele.
Em suma, sabemos que um time funcional não é composto apenas por nomes, mas setores bem servidos, não adianta ter os melhores atacantes do mundo quando se expõe seu time com poucos defensores. Caso queira insistir nesse esquema, resta uma única opção para Pochettino: torcer para que seu time nunca perca a bola.
_
*Acadêmico de Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e Comentarista Esportivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário