Por Rikelmy Regino*
Depois de ser liberado pelo Barcelona, Leo Messi assinou contrato com Paris Saint-Germain. Até a data de confecção desse texto, não se sabe quais foram as condições de contrato, mas especula-se dois anos, com opção de mais uma temporada. O argentino é sem dúvida a maior contratação do clube francês, e chega junto a uma barca de outros craques, incluindo o ex rival Sérgio Ramos, o lateral Hakimi, o goleiro Donnarumma e o meia Wijnaldum.
O objetivo do PSG está claro: ganhar a Champions League, custe o que custar. Após uma final e uma semifinal nas últimas duas temporadas, talvez essa seja a sua maior chance, pois conta com
uma verdadeira seleção, e no comando dela o argentino Maurício Pochettino. Mas para além da taça, os franceses buscam status, pois mesmo diante de bons resultados, o time e até mesmo
toda a Ligue 1, ainda são taxados como inferiores e excluídos do clubinho das principais ligas da Europa, sendo a liga apelidada de “farmleague” , como se fosse um campeonato de nível
amador.
Esse tabu cultural dentro do cenário futebolístico já foi diversas vezes confrontado pela ida de grandes nomes e pelo desempenho dos times nas competições internacionais, mas ainda sim permanece até os dias atuais, pois para o admirador de futebol médio o que importa é o título, portanto, o resultado e não seu caminho. E assim, essa barreira prejudica os times franceses em negociações, por exemplo, pois muitos atletas contaminados por esse preconceito, encaram a Ligue 1 como fraca, logo optam por outras ligas, mesmo que em clubes de menor poderio, além
de que dificulta também na própria exibição dos jogos, que acabam por não serem atrativos as principais plataformas de transmissão de futebol.
Mas voltando ao PSG, o clube tem um projeto de se figurar entre os grandes do velho continente, e vem investindo muito para isso, mas seu arsenal financeiro não é o suficiente, ainda lhe falta história. E esse é um dos motivos que nos faz refletir que essa ida de Messi ao PSG talvez se configure como seu maior desafio na carreira, pois além de números, Messi tem uma missão de confrontar e superar fenômenos estruturais do futebol, que é a inserção do Paris entre os grandes e a afronta ao menosprezo do futebol francês, podendo agregar valor a todo o contexto futebolístico da França, algo de tamanha grandiosidade que não se pensa em outro
protagonista se não Messi.
Assim sendo, estamos prestes a ver a queda de mais uma das retóricas adotadas por seus críticos, aquela de que o argentino não havia se permitido um novo desafio e sair da sua zona de conforto que era o Barcelona, ou seja, se Messi alcança para os parisienses a tão sonhada Champions League nessa temporada, será o perfeito complemento a seu último grande feito, que foi ter ganho a Copa América pela Argentina, lhe restando apenas uma etapa para que se consagre – além do que já se consagrou – como um dos maiores esportistas da história: voltar ao seu país e viver a Argentina e seu futebol. Até lá, vamos disfrutar de um novo Messi e de um novo capítulo de sua história.
_
*Acadêmico de Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e Comentarista Esportivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário