O tempo anda. Um sopro que cresta as faces e dissipa as palavras...
Ela caminhará nas avenidas,
sob todos os ombros,
sob todas ás cabeças,
um peso.
Entrará em todas as casas, abolirá os mortos.
Viajará em todos os navios, e será a culpa irrefreável dos naufrágios, nos mares.
Será a massa de silêncio que se concentra sob os escombros do tempo...
Está nas estradas.
no transporte de caixas, de comidas,
No transporte de roupas, poeira e assoalhos,
num porto na Escandinávia, onde se morre.
É o sal de pressa, amor e de esperança que fugiu dos mercados da humanidade.
Talvez seja ela, uma maior sensibilidade ao frio,
ou, um desejo de regressar mais cedo pra casa.
Dos três empregos que empecilha a noite,
ela escolhe nenhum. É a caneta velha sobre a escrita do mês.
É uma mancha na mesa que, não se sabe ao certo se é
o tempo, se é a madeira, ou se trouxeram comigo;
mas conhece bem a tua mesa como ninguém.
Cartas, poemas, artigos, sistemas, saíram dela, da dura
substância de exercer o não-esquecimento.
Ela é verniz que se foi. A árvore que regressa.
Está no som, na fúria, no acordo, na resignação.
Amarela as gravatas, fotografias e os lençóis,
amarela os travesseiros, os repousos, amarelando os sonhos de outro dia.
Ela está nos céus, nas constelações, nas auroras,
nos trilhos, nas estações, nas sedes, nos aeroportos, nos confins,
no calor das despedidas, nos departamentos, no almoxarifado-da-vida,
nas ausências permanecidas.
Ela saturou a sala, banhou todos os livros,
enganou todos os teóricos, convocou um plesbicito,
esvaziou os bolsos, os pratos, adegas e botequins,
é a cisma do mel dos domingos mistos á melancolia dos sábados,
a agonia restante das horas matinais que elegemos....
Ela está manchada de medo, de submissão ao cálculo das horas de si,
não negando outras horas, tampouco outras palavras, tem voz firme,
e os pensamentos maduramente pensados,
sofre de transtorno de si mesma, é o flerte á monotonia, generalizado.
É o ofício do ofício.
que assim nos cala diante do mundo,
é uma navalha, ao compasso de Brahms.
É a convergência dos quadros que já não se conversam,
dos produtos de ar, lacrimejos e lágrimas,
Se encontra no salão desmemoriado no centro do mundo oprimido,
onde ao fim de tanto silêncio e oco, insistimos em nos recobrar.
depurações...
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*Thalia Torres (Lia), graduanda em Ciências Sociais (licenciatura) pela Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA.
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