Por Cleiton Furtado*
Existe hoje uma frente ampla já consolidada no Brasil. Seu objetivo, contrariando as expectativas dos que desejam a queda de Jair Bolsonaro, é sustentá-lo no poder. “Nenhum presidente brasileiro eleito”, diz o professor Conrado Hübner Mendes, “chegou tão perto de gabaritar a Lei do Impeachment”. No entanto, estabeleceu-se, inclusive entre parlamentares de esquerda, um grande consenso: Bolsonaro deve permanecer afundando o Brasil, apesar das dezenas de crimes de responsabilidade.
A postura de Cid Gomes (PDT-CE) na última terça (19/01) mostra que, lamentavelmente, ele parece ter aderido a esse bloco. Para o senador, o impeachment de Bolsonaro equivaleria a “vulgarizar um instrumento que é para ser utilizado em oportunidades extraordinaríssimas”. Devo ressaltar que seria mentiroso e irresponsável incluir o senador no mesmo campo ideológico do governo. Contudo, a postura de Cid, minimizando os crimes de responsabilidade e repetindo a cantilena economicista sobre o fim do auxílio emergencial, contraria as deliberações do PDT e frustra quem o tomava como uma voz firme contra o governo.
Enquanto isso, parafraseando Conrado, com receio de vulgarizar o impeachment, vamos vulgarizando o crime de responsabilidade. Cid precisa andar menos com Tasso.
*Engenheiro Civil
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