22/10/2020

O NADA PREFERÍVEL Á VIDA - PARTE FINAL

Por Thalia Torres*




É verdadeiramente incrível como a existência da maior parte dos homens é insignificante e destituída de interesse vista exteriormente, e como é surda e obscura sentida interiormente....

Viver é o andar cambaleante de um homem que, sonha através das quatro épocas da vida até a morte;
viver é o abusar de uma vontade teimosa;
viver é um cortejo de pensamentos triviais;
viver é ter em um único rosto o peso de cada indivíduo;

Viver a dose de cada pequena existência humana, é o mesmo que dividir a alma em sete, matando um rosto todo dia da semana;

Viver é uma imagem fugitiva que desenha uma página infinita,
do espaço e do tempo;
Viver é subsistir em alguns instantes, em uma rapidez vertiginosa, que logo se apaga para outros novos viveres;

Viver é abstinência de vontade violenta e impetuosa, consiste em um conjunto de fantasias vãs, ao preço de dores profundas;

Viver é estar sempre adiando uma morte-amarga, um aspecto pálido, um cadáver que nos torna, subitamente sérios, de molho ao limo;

Viver é conduzir otimismo no mais endurecido dos hospitais, é sentir na pele a mazela dos lazarentos, nos aposentos de tortura cirúrgica da vida, viver é coincidir com vertentes quase que cíclicas, limitadas, assim a arte de viver, se torna initerruptamente assídua;

Assim como ás prisões e os lugares de suplícios, viver é latejar-se, viver é encontrar-se o tempo inteiro, dentro dos próprios campos de batalha, e do tribunal de sua própria moral, dando ao carrasco de si mesmo, a oportunidade de o lavar de sua culpa, colonizando-o até o osso;

Viver é a natureza do instinto, procedendo no interesse da espécie, em detrimento do indivíduo, viver é estar o tempo todo em exposição frívola com poetas ocupados demais para pintar sobre o amor e todas as outras coisas de vão sentido;

Viver é estar em uma fina película, num osbcuro pedaço de rocha, desses que chamamos de Terra, viver é morrer pelo amor, em seu mais instinto patife, não querendo saber se numa camisa de força, ou de Vênus;

Viver é estar na mais lobotomia-pensante, vivendo da castidade, da loucura, restaurando até á última estratégia mais expressiva, o que ser a própria existência em dissolução;

Viver é fazer incessantemente, vínculos entre o passado e o futuro,
sob o pano do presente, relativizando ambos, condenando-se assim a tristeza, submetido ás ansiedades, condenando-se a destreza, sob o murmúrio da banalidade;

Viver está para além das circuncisões do espírito humano, viver condena o coração do homem a entregar-se a si próprio, viver torna este mesmo homem, incapaz de compreender os desígnios da própria natureza;

Por fim, viver impele o homem de resistir-se, afinal, é vivendo que faz surgir seu instinto mais árduo, instinto este que, destoa a verdade e a reveste de uma ilusão, que atua sobre a própria vontade;

Viver é uma ilusão, vista de voluptuosidade, fazendo cintilar aos olhos do homem a pseudo-imagem de uma felicidade soberana, nos braços da formosura ideia de que a seu ver, nenhuma outra criatura humana se iguala, a não ser por quem uma vez na vida, exime suas dores de escrita;


* Thalia Torres (Lia), graduanda em Ciências Sociais (licenciatura) pela Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA.

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