Emanuela de Sousa: Paradoxo

Por Emanuela de Sousa*

Hoje de manhã eu fiquei cerca de quarenta minutos tomando café em silêncio. Ninguém falou comigo. Devem saber o que carrego nos meus olhos, e que uma parte dos meus pensamentos é sobre a tua linda existência.

Estava me perguntando porque você ainda não veio comigo. Questiono a todo momento se tudo que eu fiz até agora não foi o bastante para que tu acreditasse que o que sai de mim e vai para você é de verdade, é puro e real. 

Será que não estou sendo boa o bastante?

Será que tu pensa que são apenas palavras da boca pra fora? 

Será que não estou sendo clara, e sim contraditória? 

Eu sei que sou quase sempre incompreensível, uma confusão.
Talvez seja por isso que as pessoas se vão...

Como faz para mostrar o que tem na alma? 

(Desespero interno).

Pedi mais um café, rabisquei a última folha do meu caderno, conversei com a minha companhia, eu e meus rabiscos deslizei os dedos sobre as páginas, olhei pela janela o vai e vem constantes de pessoas. 

Eu já me acostumei a esperar por quem não vem, a amar o que não tenho. À admirar de longe o belo, o atraente, sem ter. 

Já não sei como falar, irei então lhe escrever um bilhete, pegar a estrada a noite e te entregar em mãos.
"Não é para tu me entender, e sim sentir." 

No mais, preciso fingir que não ligo, 
fingir que você não mexe comigo.
Enquanto isso, 
Sigo curtindo tuas fotos.


*Emanuela de Sousa é poeta e escritora, natural de São Paulo do Abc paulista. Fez teatro aos 11 anos e se arriscou pela pintura e em desenhos, mas foi na escrita que se encontrou. Emanuela hoje é autora de dois livros publicados: Interrupto, sobre todas as coisas que guardei (2016) e Coração a bordo (2020) Além dos livros ela é colunista em um Portal, o Potiguar Notícias.

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