INCÓGNITA LOLITA
Luz da minha vida, fogo dos meus olhos;
Queima-me á pele, incinera-me os póros;
Dona dos submundos, herdeira dos sub-solos;
Vinda de outros mundos, propulsora do cosmos;
É o que mais se sonha na vida, a mais robusta cigana;
Traz consigo uma ardilosa insignia, propriedade nabokoviana;
É o pilastro dos tempos, realidade paralela, á lusitana;
Seu corpo é vida, fruto dos líricos, é a libido do mundo, vivendo á paisana;
Ela é fonte interina, oblíqua satisfação, inunda;
Tem a pele de pêssego, mãos quentes, o peito suave e a boca desnuda;
É o encontro primitivo, é a premissa dos nativos, étnico-oriunda;
É a cultura dos sedentos, o perfurme dos sândalos, a premissa mais inoportuna;
É direito em liberdade, é ciúme sem vaidade, é em teu peito um eclodir;
Ela é sinônimo-saudade, é amor-iniquidade, é esperar do mundo um persistir;
É doutrina sem maldade, é efervescência sem idade, é um profundo discernir;
Ela é fome com vontade, é Humbert sem moralidade, é Lolita-resistir;
Ela é mista, ambiguidade, é o avesso á castidade, é o estopim no decorrer;
Ela é mística-leviandade, é apreço poético á modernidade, pré-escrito sem doer;
Ela é toda feminilidade, é poetisa sem bondade, no tinteiro a transcorrer;
Ela é resquício de ternura, súplica-fertilidade, verso fatídico, demoler;
Ela é o Nordeste em fogo, é a garganta do fosso, na voz de um cantador;
Ela é apetite nervoso, é asteróide rochoso, manuscrita á míngua, sem pudor;
Ela é sorriso jocoso, é feito Vênus gasoso, é o Quasar aguoso, do espaço devorador;
Ela é mistério composto, é Saturno assombroso, ela é amor bárbaro, devastador;
Ela é a ira dos Coriscos, a ocitocina dos síndicos, objetiva, particular;
Ela é a antologia dos afincos, a nostalgia dos cívicos, calamidade interestelar;
Ela é a filosofia dos acídicos, a demasia dos empíricos, charme extra, singular;
Ela é a ardência dos asfíxicos, é feito oxigênio-aconítico, respirando o intercessar;
Ela é a fórmula subjetiva, é transgressão definitiva, ela cheira á revolução;
Ela é força coercitiva, é política afirmativa, é tortura sem repressão;
Ela é materialidade sugestiva, é Andrômeda atrativa, intergalática rebelião;
Ela é presa eruptiva, é voracidade obsessiva, apocalíptica, é a mais elíptica indefinição;
** Thalia Torres (Lia), graduanda em Ciências Sociais (licenciatura) pela Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA.
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