Talvez não exista nada que aterrorize mais um governante do que quando o povo pergunta para si mesmo: por que obedecemos? Por que nos deixamos dominar?
Certamente, os governantes sabem que, vez ou outra, isso aconteceu na história da humanidade. No entanto, no que se refere a diversos contextos municipais, a política virou uma disputa entre famílias.
Como se fosse uma espécie de poder hereditário, tais famílias se perpetuam no poder, tanto na prefeitura quanto na câmara municipal.
Cientes de que uma hora o povo pode se questionar do porquê se deixam dominar, esses indivíduos que se sentem donos do poder utilizam mecanismos para evitar qualquer tipo de pensamento ou conduta que ponha em xeque seu domínio.
Uma das estratégias mais comuns é a de dividir para conquistar. O povo contra o próprio povo. Prova disso é a maneira como apoiadores de tais oligarquias defendem seus senhores com unhas e dentes quando alguém questiona a atual estrutura de poder e propõe uma nova prática política. Como diz o ditado: você tenta acertar o fazendeiro, mas quem o defende é o cachorro da chácara.
O nível de submissão é extremo. Qualquer tentativa de libertação é impedida pelos próprios submissos. Remetendo-se ao mito da caverna de Platão, quando tenta-se libertar as pessoas das correntes e fazê-las conhecer a realidade, o autor de tal tentativa é atacado.
A maior oferenda que o submisso pode oferecer ao seu senhor, pelo privilégio de servi-lo, é mostrar sua lealdade defendendo-o.
Enquanto isso, parcela do povo que está excluída socialmente se pergunta: até quando esperar?
Quando o povo se dará conta de que o poder não está nas mãos desses poucos e sim em suas próprias mãos?
Até quando esperar?
"Sejam resolutos em não servir e vocês serão livres." (Etienne de La Boétie)
(Victor Araújo)
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